sexta-feira, março 27, 2009

21

Maioridade absoluta. Muitos amigos reunidos. Cerveja e shots. Alegria e bem-estar por estar entre os meus, por gostar deles e por sentir que gostam de mim.

Foi bom

sábado, março 14, 2009

Houve um tempo em que acreditei em contos de fadas. Histórias de príncipes e princesas saídos directamente de livros de encantar. Amores impossíveis capazes de ultrapassar qualquer barreira. Verdades inolvidáveis que me faziam apenas aguardar pela chegada do momento certo.
Houve também um tempo em que acreditei nas pessoas. Na pureza do seu coração e na capacidade de fazer coisas boas. Nas extraordinárias qualidades que um ser humano pode ter quando quer. Na certeza de que um olhar e um sorriso valiam mais do que mil palavras.
Houve também um tempo em que acreditei em mim. Acreditei que conseguiria mudar o mundo. Acreditei que a felicidade era uma demanda, não uma utopia. Acreditei que seria sempre o mesmo: apaixonado, empenhado, dedicado.

Falhei.

Desiludi-me com o mundo, com as pessoas e, acima de tudo, comigo mesmo.

Não há histórias de encantar. Há traições, desejo, mentiras, dissimulação e estéreis paixões fisicas e superficiais que apenas consolam o nosso esmagador medo da solidão.
E descobri que o mundo era feio. Que os mesmos seres humanos capazes de coisas tão maravilhosas eram responsáveis por monstruosidades. O que davam com uma mão tiravam com as duas. E que os olhares e os sorrisos podem ser tão ocos como palavras de circunstância. Desencantei-me com tudo o que vejo. Deixei de crer na perfeição das coisas que outrora julguei existir por aí escondida. Deixei de me iludir com tudo o que antes julgava essencial.
No fundo conheci a realidade das coisas. Vi o lado lunar do mundo longe das canções românticas e dos filmes lamechas de domingo à tarde. Vi que as coisas más são mais do que as boas. Que os valores são hipocrisias que disfarçam crises de consciência. Que há boas pessoas, que ainda acreditam ou querem acreditar mas que são esmagadas pela opressão desta sociedade descrente e decadente.
Olho em volta e vejo fiapos de felicidade efémeros. Vejo beijos e sorrisos sinceros, vejo amigos em quem tento acreditar, vejo que há coisas pelas quais vale a pena continuar a forçar a corrente.
Mas aquele sentimento esmagador, que nos faz acreditar que há coincidências tão fortes que não se podem dever à simples aleatoriedade do universo, que nos levam a pensar que há algo superior a nós que vai escrevendo por linhas tortas o nosso caminho e que há mesmo momentos e pessoas perfeitas. Esse sentimento que nos faz relativizar tudo no plural e pensar que, independentemente de tudo, duas pessoas conseguem mudar o seu mundo de forma tão arrebatadora e irresistível que só podemos mesmo acreditar tratar-se de uma estranha espécie de destino.
Esse sentimento esfumou-se no ar como um suspiro incontido numa manhã gélida de Inverno.

Faz hoje um ano que deixei de acreditar no amor.