domingo, dezembro 09, 2007

Esperança

A morte é a pior coisa do mundo. Não o digo por medo ou falsos moralismos. A morte é a única coisa do mundo que nos esvazia totalmente de esperança. E viver sem esperança perde todo o sentido. Olhamos para os familiares de doentes em estado vegetativo que ainda acreditam numa recuperação que os médicos garantem que nunca acontecerá, vemos pais que ainda esperam encontrar filhos desparecidos há décadas. Só a morte coloca pontos-finais. Só a morte sentencia. Só ela nos deixa mais solitários que nunca, abalando os alicerces e as fundações de um mundo que dá com uma mão e tira com a outra. E nem as teorias de vida para além da morte, reencarnação, outros mundos ou realidades paralelas nos acalmam e nos reconfortam perante o desespero e o vazio da perda de alguém. E perdemos a fé e a esperança. E não faz sentido lutar por nada se não acreditamos em tudo.
Mas depois acabamos por recuperar. Lentamente. Vemos no mundo quotidiano pequenas razões que nos fazem acordar a cada dia e querer lutar. Por um significado para a nossa vida. Por alguém que nos é especial. Por um rumo que decidimos tomar. Pela felicidade utópica. E só faz sentido deixar de lutar por isso quando não houver mais esperança nenhuma no mundo.