terça-feira, março 27, 2007

Aniversário

Pessoa falava "no tempo em que festejavam o dia dos meus anos". Com uma certa amargura e, talvez, saudade.
Não tenho dúvidas que os melhores aniversários são os da infância. Quando o nosso mundo gira em torno de um bolo e de presentes e que o nosso dia de anos é muito mais que um feriado nacional.

Mas o que é fazer anos? É mais um dia, reza o cliché. Mas não é um dia comum.

Queira-se ou não é dia de pensar.

Nem que seja pensar em quão longe vai o "tempo em que festejavam o dia dos meus anos"...

Dia de balanços

E o que sou eu? Findos 19 anos, quem sou?

Sou o mesmo. As carapaças mudam, as máscaras caem mas o âmago é imutável. Eu, futuro médico, sou o mesmo miúdo que pregava partidas aos vizinhos, cantava fado por brincadeira e brincava com carrinhos. Nada mudou...

Ou melhor, tudo mudou... mas o essencial está na mesma

Não tenho tudo o que quis ter, nem fiz cumpri o meu próprio Quinto Império. Mas ganhei muitas batalhas, lutei e conquistei. Longe esteja Alcácer-Quibir!

Não me posso desculpar com a vida e as suas turtuosas circunstâncias. Sou mais feliz que a maioria. Mesmo dentro da pálida felicidade que me foi dada a conhecer.

Não tenho que me queixar. Ou tenho? Até posso ter as minhas razões de protesto mas não me apetece fazê-lo. Porque não quero remexer na terra gasta apenas pensar no que pode brotar dela...

Porque a vida é como uma mulher, na sua iminente bipolaridade. Radiosa e Sombria, Carinhosa e Puta, Tudo e Nada...

E porque não há tudo ou nada. Nem sequer meios-termos. Nem vale a pena racionalizarmos muito. Que isso interessa? Daqui por 100 anos seremos pouco mais que pó biodegradável (conseguindo mesmo assim servir mais o ambiente em mortos que em vivos).

Às vezes gostava de ser um gato. Como o do poeta. Despreocupado e brincalhão. Mas depois apercebo-me que é assim que encaro a vida. Ou tento. E percebo também que, no fim de contas, também não simpatizo assim lá muito com gatos.

Sou quem fiz.

E estou assim muito bem, obrigado...

Porque no fundo... não temos nada a perder.


"You came from nothing... You're going back to nothing... What you lost?? Nothing!!!

Always look on the bright side of life..."






1 Comments:

Blogger StupiDreamer said...

és o Pedro, primo que pra mim se sentava sempre na minha cadeira. é assim que te vou ver sempre. médico, poeta, não interessa. Na verdade não mudamos, não é? e é assim que reconforta saber que mesmo afastando-se as pessoas têm lugares onde ainda s epodem reconhecer, encontrar.Não passava aqui à muito ;) *

29 maio, 2007 18:16  

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