sábado, novembro 18, 2006

Masters


É tempo de Masters em Shanghai. Tenho também pena de não poder acompanhar este acontecimento e o desporto fantástico que é o Ténis em geral nos últimos tempos. Mas não deixo de apreciar e me deliciar com umas belas trocas de bolas, uns fabulosos winners ou uns amorties impossíveis.
8 jogadores partiram para a China. Os oito melhores do mundo. Federer, Rafa Nadal, Nalbandian, Blake, Davydenko, Ljubicic, Roddick e Robredo. Destes restam apenas os 4 primeiros em prova.
Começando por Davydenko. É um excelente jogador, com uma ótima técnica. Parece-me contudo, por vezes demasiado frio e sem chama. Falta-lhe qualquer coisinha para se poder afirmar como um grande jogador (carisma?)
Depois Ljubicic. O altarrão simpático que se começa a habituar a estar nas altas lides do ténis. Há quem diga que é daqueles jogadores que só dependem do serviço, mas Ivan tem muitas mais armas no seu "arsenal". Falta contudo ao croata ainda muito para poder ambicionar o lugar cimeiro do Top.
Tommy Robredo. Sempre simpatizei com este espanhol. Talvez pela sua versatilidade e pela capacidade de jogar a um nível mais ou menos constante em qualquer piso. Contudo, parece-me claramente o "elo mais fraco" destes Masters.
Por fim, Roddick. O ex-número 1 do mundo nunca foi jogador que me agradasse particularmente. Parecia-me muito dependente das suas "bombas" de serviço e não me esqueço do quanto foi ajudado naquele US Open que venceu. Contudo, ultimamente tem-me surpreendido. Treinado pelo antigo campeão J. Connors, tem evoluído imenso no seu jogo e tem demonstrado algumas características que sempre apreciei nele: garra, vontade, carisma. A sua eliminação prematura foi para mim algo surpreendente.
Quanto aos que se encontram ainda em disputa começemos por Blake. Este norte-americano vive de momentos de inspiração e galvanização únicos. Motivado é quase imbatível. É, por isso, um jogador imprevisível. Para além do mais, tem o condão de parecer ter o dom de contrariar Nadal. É um forte candidato.
Quanto a David Nalbandian trata-se de um dos jogadores mais talentosos do circuito. Para além de ser dos que tem um saldo menos mau face a Federer, tem feito algumas partidas verdadeiramente do outro mundo por esses torneios fora. O seu calcanhar de Aquiles é a inconstância. Tem demasiadas quebras de concentração para poder ambicionar com o que o seu talento lhe dá direito: o topo!
Deixei para o fim o eterno duelo. A díade que tem empolgado os adeptos de ténis por todo o mundo nas últimas duas épocas.
Por um lado a paixão latina de Rafa Nadal, por outro a precisão suiça de Roger Federer, respectivamente nº2 e nº 1 mundiais.
É a garra contra a classe, o querer contra o talento inapto, a superação contra a versatilidade. Nadal é um atleta de excepção. É, contudo, algo limitado tecnicamente. O que consegue compensar com uma capacidade de motivação e de elevação dos níveis de jogo incrível. Federer, por seu turno, arrisca-se a ser o melhor jogador de ténis de sempre. Aos 24 anos colecciona títulos com a maior das facilidades e passeia o seu inesgotável talento pelos courts do mundo.
São os meus dois tenistas preferidos. E não consigo decidir de qual prefiro. Gosto de Federer a jogar no fundo do court, na rede, nos voleis, no serviço, nos passing shots, em tudo.... Gosto de ver Nadal a correr de um lado ao outro do campo a ir buscar bolas impossíveis e celebrar cada ponto de punho cerrado como se dele dependesse a própria vida. Gosto da máquina fria e cirurgica de fazer ténis que é Roger, da sua postura exemplar dentro e fora dos courts, da sua simpatia e humildade. Gosto da paixão que Rafa emprega ao jogo, gosto de o ver a evoluir na relva e em piso rápido como nunca esperaria vê-lo.
São eles os verdadeiros Masters do ténis actual.

PS- Sei que não foi um ano de excepção, mas tenho pena de não ver nestes Campeonatos de Final de temporada os empolgantes Haas, Baghdatis ou Gasquet. E, principalmente, aquele que considero que, em termos de talento inapto para a prática do ténis, é o único jogador do circuito que se pode comparar a Federer. Falo, obviamente, de Marat Safin (as questões psicológicas são contas de outro rosário...)