terça-feira, novembro 20, 2007

Carta de amor

Tudo é demasiado confuso.
Vertiginoso.
Parece que foi ontem que te conheci, que te dei a mão, que te abracei, que passeámos alheios aos mundos lá fora, que rimos só por rir, que trocámos mensagens que nada diziam, só pelo simples prazer de saber que tu estavas do outro lado a pegar no telemóvel...
Porque este brilho que viveu e vive no meu olhar não é normal. Disse-te isso e quem me conheçe sabe-o bem. Não sei como veio cá parar, mas sei que é obra tua.
E lembrar-me de todas as vezes em que parecias adivinhar o que eu estava a pensar, em que estavas a ouvir as mesmas músicas do que eu, em que dizias alto o que eu por vezes tinha medo de verbalizar...
E porque amei cada momento. Cada instante, cada fiapo de memória que me recordo, cada abraço, cada olhar, cada sorriso, cada beijo...
E vou mesmo guardá-los no coração. E talvez os tranque e te entregue a chave...
Porque eu até te percebo e não consigo ficar magoado contigo. Apenas sinto que não estás a ser completamente sincera comigo e, principalmente, contigo própria. Isto não foi um acidente, um percalço ou meras coincidências. Foi REAL! Eu sei que também o sentiste e que o viveste com tanta ou mais intensidade do que eu!
Porque dentro da confusão que sei que és tu preferes agarrar-te ao que tens como seguro e como dado adquirido. Tenho que respeitar as tuas escolhas, apesar de não concordar com elas e elas me fazerem sofrer até mais não. Mas mesmo assim não te consigo culpar por nada. Aliás, acho que ninguém tem culpa. O emaranhado desta teia da "vida que é puta" prendeu-nos, cativou-nos e simplesmente deixámo-nos levar. "If I lay here, if I just lay here, would you lie with me and just forget the world?" Já sei que não consegues esquecer. E isso diz-te que realmente não és má pessoa. Nesse caso saberias lidar com tudo o que se passou, não sofrerias ou chorarias, não te sentirias "mm mal"...
Não temos culpa mas também não somos inocentes. Eu sabia/adivinhava desde o início que isto só poderia acabar (?) assim. Só tenho mesmo pena não te ter conhecido noutras circunstâncias, mais propícias e adequadas, sem que nada nem ninguém nos pudesse sequer sonhar afastar.
(E só de pensar que por uma ínfima décima não entraste em Braga e isso permitou que mudasses a minha vida...)
Porque nunca fui tão sincero na minha vida quando disse que gosto mesmo muito muito muito de ti. E a comprovar isso está esta dor que me pressiona o peito como se tivesse nele um fardo que não sei se consigo aguentar, como comprovam as tímidas lágrimas que me vão espreitando ao canto do olho enquanto escrevo estas palavras, como sinto uma dor algures dentro de mim (talvez na alma?) de cada vez que me lembro de ti, de nós e de tudo.
Não sei o que diga, faça, pense ou sinta. Sint(r)a... não pude evitar um sorriso...
Porque foste tu que me fizeste levantar e reaprender a sorrir, e me aqueceste de novo o peito de um fogo tão bom que não sei definir mas que me aquece tanto como as labaredas de uma lareira no dia mais frio do inverno.
E porque agora não sei o que fazer à minha vida...
"Diz qualquer coisa..."
Como gostava que neste momento olhasse para o telemóvel ou para o msn e visse uma mensagem tua a dizer para fugirmos deste mundo, sozinhos, nós, só eu e tu! Ou simplesmente a dizer boa noite.
Não consigo controlar as palavras e as memórias que em catadupa me saem e vão sendo escritas como se fosse um autómato. Não estão a ser pensadas... são sentidas. Do fundo do meu coração, da minha alma, do mais fundo que possa imaginar de mim.
Eu sei que estivesses aqui me pedias para ter calma. Ou talvez me pedisses desculpas pela milionésima vez e eu pela milionésima vez te diria que não tens que pedir desculpa. Talvez até me cantasses aquela música e gozasses comigo e eu te chamasse odiosa e tu chamavas-me trenguinho como quem chama com carinho...
E neste momento, neste preciso momento, o teu nome aparece no ecran do meu computador e as simples palavras "pois já me tinhas dito" fazem aquecer o meu coração e saltar tanto que parece que vai explodir ou sair do peito. E estou a falar contigo e tremo por todos os lados... quase que tenho que agarrar na minha mão para poder continuar a escrever...
Já te disse tanta coisa e tanta, tanta coisa que ficou por dizer...
Talvez que és das pessoas com maior significado na história da minha vida
E que gosto mesmo mesmo muito de ti
Isto já disse mas acho que merece a repetição.
Não sei se deva dizer isto, nem sei se estou a deixar-me levar pelo momento e por tudo que é tão doloroso, recente e intenso. Mas acho mesmo que te amo.
E guardarei cada momento, cada instante, mesmo no meu coração... sempre
E o brilho dos teus olhos castanhos e o sabor efémero mas tão bom dos teus lábios também!

"and all the roads we have to walk are winding... there are many things that I would like to say to you and I don't know how..." (a nossa música...)

acho que isto era tudo o que te queria dizer e nunca soube como. E sei que provavelmente nunca vais ler isto, mas não poderia deixar de "to dizer"
Lembras-te de me sussurrares "Fala comigo, diz-me o que estás a pensar..." de cada vez que eu sorria sem razão ou suspirava fundo?... Era isto tudo e muito mais que ia na minha cabeça...
espero que, pelo menos, o tenhas conseguido ler no brilho dos meus olhos de cada vez que olhavas para o fundo de mim...

Até sempre

Amo-te

1 Comments:

Blogger alpha said...

lendo e relendo, percebo porque o poeta dizia que "todas as cartas de amor são ridículas"
mas são sentidas...

22 novembro, 2007 03:17  

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