Pessoa (s)
sei que a data já passou faz mais de uma semana, contudo, tenho que relembrar aqui o 70º aniversária daquele que, na minha opinião foi o grande poeta da literatura portuguesa (qual Camões, qual quê, esse via tágides e não fumava ópio, para além de que era zarolho!), aquele que, através dos seus heterónimos e múltiplas faces de uma mesma cara, mostrou quão mutilada pode ser a alma, ou nalguns casos, as almas... por isso digo que em cada um de nós há Pessoa, ou devererei antes dizer há Pessoas....
Pessoa(s)
Sou alguém que não sou eu
Um vagabundo que se perdeu
No caminho para nenhum lado
E num passo desgovernado
Vai caminhando para o nada
Sozinho na berma da estrada
Sem nada para perder
E querendo só nada querer
Nadando num infinito mar
Sem ter praia para chegar
E naufragar vezes sem conta
Temendo o que mais amedronta
A angústia de caminhar perdido
O medo de ser perseguido
Pelos sonhos que não esquece
Pelos rostos que não conhece
Pois nada do que conheço é meu
E a minha própria sombra sou eu
Pessoa(s)
Sou alguém que não sou eu
Um vagabundo que se perdeu
No caminho para nenhum lado
E num passo desgovernado
Vai caminhando para o nada
Sozinho na berma da estrada
Sem nada para perder
E querendo só nada querer
Nadando num infinito mar
Sem ter praia para chegar
E naufragar vezes sem conta
Temendo o que mais amedronta
A angústia de caminhar perdido
O medo de ser perseguido
Pelos sonhos que não esquece
Pelos rostos que não conhece
Pois nada do que conheço é meu
E a minha própria sombra sou eu
1 Comments:
Pessoa era um Génio.ele chegou e teve a frieza de descer ao cru do ser humano,procurando soluções, sem nunca se perder,senão em si mesmo.Era louco sim, porque teve a loucura de sentir e perceber. è sempre bom fazer-lhe homenagem =)*
Quanto ao poema...encarna totalmente o emaranhado de tudoe nada que é a nossas «existência».
Nós somos pedaços. pedaços de pedaços. pedaços de nós mesmos. pedaços dos outros. pedaços nos outros. pedaços de lugares. pedaços em lugares. Somos mil reflexos de mil almas e rostos e nenhuma forma. Desdobramo-nos e voltamos a dobrar-nos constantemente, em palavras, gestos, situações. (e como somos tão diferentes de situação em situação, de pessoa para pessoa, como nos estruturamos a existir).Somos tantos em nós mesmos, e às vezes tão diferentes, que é difícil perceber como podemos convergir tudo isso num só corpo.
Somos reflexos de nada e somos reflexos de tudo e, em desespero, procuramos existir sempre, quando não existe sequer união. (é essa que procuro no emaranhado de fios de mim mesma).
ai os genes..=X*
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